“para as mulheres que vivem o pior dia.
no dia 10 de maio de 2010 o meu médico disse-me que o coração do meu bebé tinha parado. assim. sem grandes explicações porque não as tinha. e, apesar de ser como ele disse “comum” o que eu senti naquele dia foi tudo menos comum. foi a dor da perda, a frustação, a culpa. foi o pior dia. aquele dia 10 de maio foi o pior dia. pior que o outro que se seguiu em que tive que passar pelas dores físicas para retirar o meu bebé a quem tinha parado o coração. era uma gravidez recente, mas nada nem ninguém me conseguiu convencer de que a minha dor tinha que ser menor por isso. nem mesmo aqueles que me trataram como se eu estivesse a recuperar de uma constipação. aqueles que me deram os parabéns quando souberam que estava grávida e que depois me disseram “isso não foi nada, já passou”. não passou, nunca passou.
mas também não passou um ano. não passou um ano e eu já tenho a minha filha nos braços. outra filha. no dia 3 de maio de 2011 nasceu a maria. uma coisinha linda de quem eu não consigo tirar os olhos. e se eu não esqueço aquele dia que foi o pior, hoje, quando penso nele, vejo-o de maneira diferente. este ano foi um ano de muitos medos. de voltar a perder, de voltar a sentir culpa. de voltar a ouvir “para a próxima consegues vá”. de voltar a sentir que não podia dizer a ninguém que perdi um bebé, porque as pessoas não querem falar nisso. porque é um assunto de que não se fala.
e na altura, em maio de 2010, foi através da internet que conheci muitas estórias de mulheres que tinham passado pelo mesmo do que eu. uma, duas vezes. vezes demais. e foi com elas que ganhei coragem para tentar de novo.
e isto serve para isso mesmo: para dizer às mulheres que estão a passar por aquilo que eu passei que ainda não fez um ano e a minha estória agora é outra. que a coragem, a força e a esperança não devem ser derrotadas por dias que não são esquecidos, mas que são superados por outros bem mais felizes. como o dia em que finalmente conseguimos conquistar aquilo com que tanto sonhámos, que planeámos com tanto carinho. o que nos faz seguir em frente.
é que ainda não passou um ano e a maria, a minha filha, já está aqui a dormir. mesmo ao meu lado.”
menina in buááá…ó mãezinha!
Por norma não copio, nem promovo posts dos outros, mas este acho que pode ajudar muitas mulheres que sofrem em silêncio.
